segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

MINHA AMIZADE COM VALDENIR BENEDETTI

Autor: Douglas Marnei


Nós bebemos na mesma fonte, tivemos aulas com o professor Wanderley Vernili quando iniciei meus estudos de Astrologia no período de 1977 a 1979. O professor Wanderley dava aulas de graça para uma turma de mais de 100 alunos em um salão paroquial na Vila Nova Conceição. As aulas eram ditadas e os alunos tinham que anotar rapidamente os ensinamentos, para aprimorar o Mercúrio segundo o mestre.

Interrompi os estudos por cinco anos devido ao nascimento de meu filho Icaro e retornei em 1984 com o colega Maurice Jacoel e depois com outros professores. Soube que o Valdenir teve uma escola de Astrologia na Vila Madalena junto com o Edmur Balle, meu amigo de infância da cidade de Pompéia no interior de São Paulo. Ambos tinham sido alunos do professor Wanderley e evoluíram para a condição de professores.

Em 1991 Valdenir e Cintia Turella di Stasi, sua parceira da Cintila Eventos, trouxeram a astróloga Donna Cunningham para o Brasil. O evento aconteceu nos dias 24 e 25 de agosto na Sala São Luiz, na Avenida Juscelino Kubitschek. O livro “Plutão no seu mapa Astrológico” da simpática astróloga americana havia sido lançado pela Editora Pensamento e os temas tratados no Seminário foram Plutão, evidentemente, e terapia com florais.

Logo após comecei a ter aulas com o Valdenir na Escola Planeta de Astrologia na Rua Pamplona, cujo primeiro logotipo foi elaborado pela Artista Plástica e Astróloga Mônica Grohmann (vide ao lado). Foram vários anos de cursos com uma turma assídua quando construímos uma grande amizade.

Valdenir utilizava algumas técnicas de interpretação como a que foi denominada de “provolone”, devido ao formato do gráfico, no qual diante de uma determinada questão Q, procurávamos o Indicador Universal, o Indicador Essencial e o Indicador Acidental. Por exemplo, em uma determinada questão de valores trazida pelo consulente, procuramos primeiramente a Vênus do mapa, que é o Regente Universal da Casa II. Depois vemos o regente da casa II do mapa em questão, que é o Indicador Essencial e por fim, caso houvesse um ou mais planetas na Casa II, estes seriam os Indicadores Acidentais.

Outra técnica que ele costumava aplicar era a do Oposto Simbólico, por onde fluía a expressão inadequada dos signos. Define-se um outro diagrama no Zodíaco onde cada signo tem seu Oposto Simbólico, sobre a tese de que os do elemento Terra se opõe aos de Fogo e os do elemento Ar se opõem aos de Água.

A Árvore dos Dispositores também era utilizada como acessório para a interpretação dos temas. Era uma outra estrutura de relacionamento dos planetas no mapa baseada na regência moderna dos planetas sobre os signos, onde o regente tem a sua disposição os ocupantes de seu signo. O topo da estrutura eram os planetas domiciliados que hierarquicamente dispunham dos demais e assim sucessivamente. O interessante é que cada mapa tem uma árvore própria, como se fosse uma impressão digital.

Valdenir desenvolveu também uma estrutura do mapa baseada nos arquétipos junguianos e na obra de Carlos Castañeda , onde o Guerreiro, o Mago, o Amante e o Rei ocupavam os pontos da cruz cardinal relativos aos signos de Aries, Câncer, Libra e Capricórnio. Esta estrutura foi se ampliando em um gráfico cada vez mais complexo e acabou sendo tema de uma palestra no 3º Simpósio de Astrologia do Sinarj em 1999 sobre “A Arte Astrológica de Ser Guerreiro”. Seguem aqui dois links para assistir esta palestra:


Além disto, ele recomendava a mudança de local para passar o aniversário de modo que a Revolução Solar produzisse um ano auspicioso para o cliente, evitando possíveis aspectos negativos com os luminares e o ângulos do mapa.

Ele era um grande empreendedor em prol da Astrologia, tendo organizado inúmeros congressos, como um que aconteceu na FAAP em 1993, ano de publicação do seu primeiro livro, ocasião em que eu vi pela última vez o professor Wanderley.

Na Escola Planeta aconteciam encontros dos alunos com troca de informações destinadas às diversas turmas, e me lembro de um sábado quando eu tive o prazer de proferir uma palestra logo após a do Roberto de Carvalho, esposo da Rita Lee, um escorpionino de primeira linha.

No andar térreo da Escola Planeta existia o Espade - Escola Paulista de Arte e Decoração, onde ele organizou dois encontros de Astrologia de que tive a oportunidade de participar como palestrante. O primeiro foi no Ano Novo Astrológico de 1997 denominado “1º Encontro da Astrologia em São Paulo” (folder anexo) e o segundo em setembro de 1998 denominado “Astrologia do Amanhã”.

Ele dava muita atenção aos sonhos e me lembro de um curso que fiz com ele onde uma situação ficou marcada em minha memória: se você sonhar que está atravessando um rio, a nado, de barco ou por uma ponte, é sinal que sua vida terá uma mudança radical.

Outra paixão era a fotografia, sendo que possuía câmeras de alta definição com as quais desenvolvia um trabalho profissional de excelente qualidade e ao mesmo tempo dava vazão a sua veia artística, tendo inclusive recebido prêmios pelas suas fotos.

Possuía uma relação muito intensa com a informática. Utilizava sem restrições os programas de cálculo de mapas em computador e participava de listas de astrologia, algumas sob o pseudônimo de Jonas Bee, onde tinha discussões acaloradas com os outros participantes.

Na vida pessoal, Valdenir, este capricorniano de Sol e Lua com Ascendente Escorpião tinha um senso de humor apurado. Costumava criar neologismos ou interpretações etimológicas de determinadas palavras. A mais famosa era a do místico, que teria sido derivada de “me estico”, ou seja, quando nos tornamos místicos nossa mente se amplia.

Após as aulas, a turma tinha por hábito ir à Trattoria do Sargento na Rua Pamplona com a intenção de conversar sobre Astrologia e tomar cerveja. Era uma maneira de fixar o conhecimento adquirido e trocar outras informações. Valdenir aparecia de vez em quando e a conversa ficava mais animada.

Em 1998 Valdenir desfez-se de todos os seus pertences e mudou-se para a Bahia. Ele me deu um autorretrato do pintor M.C. Escher, aquele em que ele segura uma bola de cristal e sua imagem está refletida na bola. Guardo com carinho este presente, mas depois disto nosso contato diminuiu, restringindo-se a congressos de astrologia e outros eventos.

Na década seguinte ele organizou alguns congressos no Largo do Arouche em conjunto com o astrólogo Maurício Bernis. Me lembro de um deles onde o Ademar Eugênio de Melo, já com muita dificuldade para enxergar por causa do diabetes, porém com uma memória impressionante, deu sua palestra sem ver os slides, assessorado por sua esposa que os ia trocando.

No site Constelar temos a última palestra de Valdenir com o título “Lua, criança interior, autorização para ser feliz” do dia 6 de junho de 2009, no centro de convenções do Hotel Atlântico, em Copacabana, como parte da versão carioca do Circuito Nacional de Astrologia, organizado pela CNA - Central Nacional de Astrologia. Este vídeo foi recuperado por Alexey Dodsworth, que o compartilha agora com toda a comunidade astrológica brasileira. 
Aqui vai o link: http://www.constelar.com.br/constelar/139_janeiro10/valdenir-benedetti1.php

Em seu blog Astrologia Transpessoal, Valdenir se auto definia assim:

“ Estudante e apaixonado pela Astrologia há mais de três décadas. Descobrindo agora que o tamanho do que não sei ainda é imenso, e o tamanho do que nem sei que não sei é inimaginável. Procurando fazer com que a Astrologia não seja apenas um blá blá blá mental e descritivo. Acreditando que a prática da Astrologia é mais do que alimentar ilusões ou autoimagens. ”

Aliás, ele dizia que Transpessoal não quer dizer apenas Além da Pessoa. Para a Astrologia, essa prática quer dizer mesmo é Através da Pessoa. Para quem quiser consultar o material ali armazenado, o link é:

Não podemos deixar de mencionar o Blog da Astróloga Rose Villanova, que disponibilizou inúmeros textos de suas correspondências com o Valdenir neste endereço:

Eu, Ana Cristina Abbade e Valdenir
em um evento no Rio em 1998
Sua partida para outro plano colheu a todos de surpresa, pois todos sentiam que ainda não era o momento. Sentíamos também que tínhamos perdido um amigo, um irmão de fé, um batalhador entusiasmado e apaixonado pela nossa amada Astrologia!


Este é um depoimento pessoal de minhas vivências com meu professor Valdenir Benedetti. Caso algum colega queira manifestar-se, com certeza vai nos enriquecer com suas informações.

Para finalizar vou transcrever a dedicatória que ele fez em um de seus livros, que acho muito oportuna para o momento:

“Douglas, meu amigo, um privilégio ter tido você a meu lado durante esta jornada que é minha vida e de onde surgiu este livro. Obrigado. Sei que você vai curtir. 19/set/97”

É claro que curti, Valdenir!

Douglas Marnei

Janeiro de 2017



O legado de Valdenir Benedetti

Além das aulas, palestras e cursos Valdenir nos deixou vários livros e apostilas nos quais suas ideias continuam vivas e disponíveis para os leitores. Apresentamos a relação deles em ordem cronológica:




- Autor do texto “Astrologia e Sintonia” no livro “Astrologia Hoje – Métodos e Propostas” editado por Massao Ohno Editor em 1985.




  



- Autor da apostila “Técnicas de Interpretação Sintética de um Mapa Astral” elaborada pela ASAS – Astrólogos Associados de Curitiba em 1990.








- Organizador do livro “Interpretação do Horóscopo: Técnicas e Estilos” editado por Editora Hipocampo em 1993.











- Autor do livro “Textos Planetários” de uma editora não citada em 1997.











- Autor do livro “Manual de Astrologia Essencial – Textos Planetários” editado por Editora Ground em 1999.











- Organizador do livro “Astrologia para um novo Ser” editado por Editora Roka em 2000.










- Autor do texto sobre o signo de Peixes no livro “Astrologia – Os Doze Portais Mágicos” editado por Editora Talento em 2001.










- Organizador e autor do texto “Os domínios e funções terrestres dos planetas no horoscopo” em “Segredos e Estilos – A Arte de Interpretação do Horóscopo” de 2008.






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