Ana Maria Mendez González
Carlos Walker, além de astrólogo,
é poeta, escritor, compositor e cantor, e nos brinda com sua experiência e reflexões
como professor e responsável por escola de Astrologia.
POR UMA ASTROLOGIA APAIXONADA E
VULCÂNICA
“A missão de nós, astrólogos, é
refazer novos mitos, ouvir a voz oculta do inconsciente,
fugir das padronizações
vulgares dos símbolos do zodíaco, dos planetas e asteroides etc.”
Carlos Walker
O nome IO chegou pelo fascínio que
as luas de Júpiter exercem em Walker. Em especial IO, cujo mito o encanta e que
foi a escolhida e homenageada.
Folheto de divulgação |
A Escola de Astrologia IO,
Instituto Astrológico e IO-Espaço Cultural foi fundada em 2000 ao lado de Nelci
Rogério, astróloga formada pela GAIA. Antes da criação da empresa e Escola IO, cursos
de astrologia foram ministrados regularmente por alguns anos. Além da Astrologia,
a escola contava com uma equipe de profissionais de outras áreas: Ayuverda,
Tarô, Numerologias, Kabbalah, Yoga, Feng Shui, Reiki etc.
Durante o período de seu
funcionamento, a escola passou por mudanças. No início, a IO atuava em Sorocaba
e Jundiaí. Depois, ela foi transferida para São Paulo. Com o tempo, ela passou
a ensinar exclusivamente Astrologia.
Apresentação de objetivos e programa de cursos |
Os conteúdos são organizados em
uma série de oito apostilas básicas que são utilizadas no decorrer de dois anos
e meio de curso.
Antonio Carlos Bola Harres e
outros professores foram convidados para cursos avulsos. Entre os temas
abordados podemos citar Astrocartografia e a Santa Ceia.
A intenção maior da escola sempre
foi o curso de formação técnica e profissional do astrólogo além de passar pela
concepção do que seja o conhecimento astrológico na formação das pessoas.
O INÍCIO DE TUDO
O primeiro contato com a
astrologia começou bem antes, no final dos anos 60. Carlos
fez o curso completo de Astrologia na ABA por correspondência em 1973/74. Ele morava
ainda no Rio e estava fazendo sucesso na TV Globo com as novelas globais,
trilhas sonoras, programas etc. Era músico e não imaginava que logo se tornaria
profissional de Astrologia. Em 1979 começou a dar aulas e a fazer atendimentos
de clientes. Conheceu Cláudia Lisboa que estava vindo de São Paulo onde passou
um tempo na Escola Júpiter e, com ela estudou o pensamento da Dona Emma de
Mascheville.
Alunos em aula |
O material da ABA e o contato com
a Cláudia Lisboa, além dos livros em espanhol, francês e inglês que ele já
tinha em sua biblioteca astrológica, que desde os anos 70 foi sendo formada,
tudo isso deu alimento e nutrição suficientes para começar sua vida
profissional como astrólogo. Ele então fez a troca definitiva: de músico famoso
profissional para um astrólogo alternativo. Segundo ele, “Virei um astrólogo
profissional e um músico mais alternativo”.
A atividade de Carlos Walker como
professor de astrologia no Rio de Janeiro aconteceu em 1979, em Copacabana, no Espaço
Kaanda Ananda e em Ipanema no Espaço Mandala, além de outros lugares. Nessa
época suas turmas contavam com cerca de quinze a vinte alunos por turma, o que
se manteve na escola durante anos.
Artigos compilados por alunos |
No início dos anos 80, começaram
duas turmas grandes num espaço em São Paulo, na Praça da Árvore. Nessa época os
alunos do Rio e de São Paulo resolveram compilar as aulas e fazer uma cartilha
em formato de livro. Esse trabalho chamou-se "ASTROLOGIA, UMA ABORDAGEM LINGUÍSTICA"
(1985), onde os prefixos e sufixos latinos eram associados aos movimentos dos
planetas, em uma visão original de pensar-falar astrologuês e facilitar o
mergulho linguístico no mapa. Além desse trabalho, ele publicou MITOGRÁFICOS (2007)
em que reúne artigos de reflexão filosófica, simbólica e mítica, e astrológica.
Artigos de reflexão filosófica, simbólica e astrológica |
E intenso, ele conceitua: “A Astrologia
é um desentupidor de sinapses e níveis de saber, assim como ativador do
desenvolvimento do pensamento como linguagem e significado.”
OUTRO MUNDO
Naquela época, a Astrologia não
era uma língua muito falada na mídia do cotidiano como acontece hoje em dia, em
que os leigos já falam astrologuês, por influência do mundo digital ou porque os
mais triviais termos da astrologia já se popularizaram em jargões. Há curiosidade
e as pessoas acessam frequentemente a internet tendo conquistado o básico da terminologia
técnica.
Apoio da mídia local: Jornal da Cidade |
Naquela época não existia
computador, nem celular, mesmo os jornais eram comedidos porque havia um
preconceito velado e o editor ou o intelectual, mesmo se fizesse a leitura de
mapa com profissional, não se mostrava adepto da astrologia na mídia. Ou seja, somente
aqueles mais interessados corriam atrás para ter mais acesso do conhecimento
astrológico. As pessoas chegavam aos cursos entre apaixonadas pelo assunto e ao
mesmo tempo achando que talvez não conseguissem “desfolhar” a linguagem técnica.
Repercussão da IO no Jornal de Jundiaí |
Segundo Carlos “o mundo era neurologicamente mais tranquilo, menos
velocidade, menos simultaneidade” em final dos anos 70 e toda a década de 80. Em
seu linguajar de poeta, Walker diz que seus alunos, dos mais velhos e aposentados
aos mais garotos não estavam “limitados ao binarismo tecnológico e se permitiam
voar nos seus pégasus filopoéticos.” Ele continua: “Nenhuma década se compara
aos anos 60-70. A magia vibrava os ares, as ruas, os ambientes.”
Segundo ele, o
mundo e cada lugar era diferente, singular, diferentemente do que ocorre hoje
em dia com as redes McDonald´s e Habibs, as multinacionais se multiplicando “com seus
neons bregas, cafonas, ladeando, enfeiando os museus, as locações tradicionais,
monstros do mercado destruindo símbolos mágicos tão antigos.” A partir dessa particular
análise que Carlos faz podemos perceber uma ponta de saudosismo mas, ao mesmo tempo,
ela abre para uma perspectiva crítica da Astrologia que ocorre hoje em dia e
que o responsável do ensino astrológico deve levar em conta.
Palestras do Instituto Cultural de Astrologia são destaque em programa de rádio |
Segundo Walker, a escola passou
por dificuldades o que não é raro em escolas alternativas e que se justifica
pela instabilidade no número de alunos, pelo desnível crescente na cultura do
país. Esta falta de interesse cultural, ele diz, acaba se refletindo no nível
do interesse pela Astrologia como arte-ciência-pensamento-linguagem-saber e
transformação linguística. Concluindo, ele diz: “Inúmeros desafios concretos e
abstratos desafiam constantemente o ensino de uma Astrologia culta e séria.”
Por
outro lado, ele ainda relata ter feito parte de uma das gerações iniciais de
astrólogos o que teria sido um aspecto facilitador pois era uma época de movimentos
de arte, cultura, política. Houve uma aproximação do Oriente com o Ocidente e a
percepção dos interesses da chamada Nova Era Aquariana. Todos esses aspectos culturais e políticos teriam mobilizado a curiosidade
que impulsionava as pessoas a procurar a Astrologia
A EXPERIÊNCIA DE TER ESCOLA
No primeiro período da escola em que os cursos
se faziam em espaço doméstico (de 1979 até 1999) assim como no período empresarial
da IO (de 2000 aos dias de hoje) as experiências se configuraram múltiplas e
sempre em sua maioria, gratificantes.
Para ele, estar em aula propicia uma
“espécie de transe inspirador, porque posso instigar minha interioridade
psíquica e me conectar com a escada espiral do tempo, da história, da arte, das
técnicas que evoluíram através dos conhecimentos, dos níveis cíclicos de
consciência que a humanidade caminha.”
IO Institudo Cultural de Astrologia recebe evento inter-religioso |
Para ensinar Astrologia é
necessário entrar em áreas da psicologia comportamental, da sociologia e da
ciência natural e "antinatural" de nossos tempos. Mas acima de tudo
compreender " a dialética dos sentidos da linguagem".
Pensador e poeta da Astrologia,
ele confessa: “Sou contra todo tipo de corporação e institucionalização do
saber astrológico. O astrólogo é o Hermes Trimegisto de jeans, destes tempos
perigosos atuais, em que os robôs das próximas e breves gerações estarão em
áreas estratégicas, em que só deveriam estar as mentes humanas mais
conscientes.” Como podemos observar, ele não tem medo de polêmica e ainda contabiliza
ganhos com o tempo na Astrologia: “E quanto mais velhos ficam os astrólogos
mais despertas e luminosas ficam suas antenas psíquicas.”
Ele continua: “O astrólogo terá
que enfrentar o Monstro Tecnológico Binário e redutor para otimizar o lado
positivo da tecnologia, e despertar quem sabe o PENSAMENTO e a linguagem HOLOGRÁFICA.
Caberá ao astrólogo recuperar todas as línguas mortas, re-arborizar todas as
línguas ainda vivas e identificá-las no
sagrado e infinito caminho das estrelas.”
Como pensador que é, Carlos se
expande em aspectos significativos do saber astrológico claramente sob
influência das paixões e atividade vulcânica de IO, a Lua de Júpiter.
Educador, ele finaliza com reflexão
maior : “O ensino da Astrologia é um exercício de humanismo e universalidade.”
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