A notícia de uma faculdade de Astrologia correu por uma reportagem de TV e inspirou muitas pessoas. Era uma época especial em que um mundo diferente e melhor era prometido pela Nova Era. Clima perfeito para o Instituto Delphos! Leia o artigo e se encante com o sonho que aconteceu naqueles tempos.
INSTITUTO
DELPHOS, A CASA DE APOLO
Milton
Maciel desejava uma instituição em que o conhecimento astrológico ganhasse um
caráter acadêmico e de pesquisa. Para isso juntou professores, organizou
eventos e fez publicações. E
distribuiu esse sonho e ideário pessoal. E assim
conquistou muitos alunos desejosos de conhecimento.
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Milton Maciel |
UM CASO PESSOAL EXEMPLAR
Na
reconstituição de História, ao resgatar memórias do Instituto Delphos, me
deparei com fatos interessantes e em especial com uma história pessoal.
José Aparecido Celorio era um adolescente
quando assistiu a um programa de TV (Globo Repórter) possivelmente em março de
1992 com Maurício Kubrusli e Sandra Moreira que tinha como assunto a
Astrologia. Ele ficou encantado com a notícia a respeito da existência de uma
“faculdade” de Astrologia. Decidiu então conhecer a escola que era assim
descrita no programa. Tratava-se do Instituto Delphos.
José Aparecido Celorio |
Foi assim
que ele começou seus estudos que também já tinham passado pela Escola Regulus,
por correio em 1991 e continuaram em uma formação mais longa na Escola Hermes
depois da experiência na Delphos.
Esse caso
pessoal pode nos indicar a força da comunicação das mídias e o entusiasmo de um
jovem curioso e seduzido pela ideia da faculdade de Astrologia. Naquela época
havia um clima especial para os assuntos esotéricos. A Nova Era chegava em
promessas de um novo mundo. Alinhar-se a ele significava ter esperanças.
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José Antônio Pinotti |
Pronto, aí
temos o pacote perfeito para uma jovem vocação ser alimentada de conhecimento.
O Instituto Delphos entrava investido com a aura das caminhadas de Apolo pelo
Sol, pela Verdade e pela Luz.
A MAGIA DO INSTITUTO DELPHOS
Antes de ser
Instituto Delphos fundado em 1989, já tinha existido uma escola também chamada
Delphos em 1982.
O Instituto
Delphos, que se desenvolveu até 1994, foi a maior iniciativa de um curso pleno
de formação de astrólogos, segundo José Antônio Pinotti. Eram quatro anos com
aulas todas as noites.
Ele
desenvolvia as funções de coordenador e como professor era responsável por boa parte
do currículo e do programa de Residência no Ambulatório de Atendimento
supervisionado oferecido aos alunos como parte da formação do profissional. Segundo
ele, cerca de 500 alunos passaram por essa formação.
Havia outros
professores além de Milton Maciel, responsável pelo Instituto e também de Sérgio
Mortari, um médico brilhante. Hanna Optiz dava aulas de Trânsitos planerários e Técnica de previsão. Pinotti, sendo psicólogo clínico, montou a
residência astrológica, um atendimento supervisionado para desenvolver nos
novos profissionais habilidades terapêuticas. Clientes eram recebidos para atendimento
gratuito, feito pelo aluno amparado pelo supervisor. Essa supervisão era
realizada algumas vezes em auditório que recebia por vezes cerca de cem alunos
assistindo, ou então era filmado e exibido em classes posteriores.
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Dr Sérgio Mortari |
Esse programa
de Residência astrológica tinha o objetivo de garantir a boa formação do aluno
em recursos de aprofundamento na formação profissional. Cada aluno deveria
assistir a uma quantidade expressiva de supervisões completas na leitura de
mapas.
Além dessas
atividades didáticas, o Instituto organizou várias Jornadas Astrológicas de São
Paulo, uma a cada semestre. Eram eventos com coquetel de abertura, lançamento
de livros, palestras e mesas redondas, exposição de e livros, espetáculo
artístico, jantar de congraçamento. Os palestrantes convidados vinham de vários Estados e de outros países. Duravam de dois a quatro dias de
duração como foi a Sexta Jornada em maio de 1993. Ainda houve a Sétima Jornada
em outubro desse mesmo ano.
O Instituto
Delphos fechou em 1994 quando seu responsável se transferiu para Maceió para
assumir cargo de assessor junto ao governo estadual.
Segundo
Pinotti, o instituto deixou uma marca de idealismo e paixão, que são
fundamentais em qualquer carreira em que se busque a excelência, pela exigência
do tempo investido na formação.
Ele ainda
faz comentários referentes àquela época: “Quem entrou na Astrologia na década
de 70 e 80 foi por desdobramentos de uma busca espiritual e de auto-conhecimento.
Era uma época da contra-cultura pós hippie e de abertura para os conhecimentos do
Oriente.”
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Hanna Optiz |
A palestra
de inauguração na Sexta Jornada de maio de 1993, Milton Maciel nos traz um
pouco desse clima renovador. Vestido ao melhor estilo gauderio, ele subiu ao
palco do auditório da Delphos e desenvolve o tema A Astrologia do Macho. O
folheto de divulgação do evento assim resume os conteúdos: “1800 anos depois de
Ptolomeu, os velhos valores do macho patriarca agricultor continuam firmes no
inconsciente (e no consciente) dos astrólogos e das astrólogas!- que os repetem
com um fervor respeitoso e quase religioso. Mas, os tempos são outros. Os
ventos de Aquário se aproximam e, desde que os quatro grandes asteroides
entraram no consciente da humanidade, começou a marcha inexorável de resgate do
feminino. Para nós na Astrologia, resta o inevitável questionamento das velhas
teorias de dignidades e regências.” Palavras divinatórias do que viria algumas décadas mais tarde com muita força e clareza.
OUTROS
TEMPOS
Era esse
espírito que inspirava o Instituto Delphos. Um aprofundamento no conhecimento
astrológico com a perspectiva de revisão de conteúdos, de valores e de debate.
Nos programas das Jornadas percebe-se uma preocupação com a pesquisa dos temas
tanto nas palestras como nas muitas mesas-redonda. No programa da Sexta Jornada
(maio de 1993), há o lançamento do I Congresso Brasileiro de Pesquisa
Astrológica que aconteceria em outubro desse mesmo ano.
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Ademar Eugênio de Melo, palestrante |
Pinotti em
seu depoimento confirma essa qualidade de conteúdos astrológicos no
funcionamento do Instituto. Porém ele vai mais longe em sua análise. Ele marca
a concepção de Astrologia da época que não era mera opção de carreira ou
negócio pois havia “núcleos de compartilhamento de conhecimentos.” Ele
continua, crítico: “A década de 90 foi marcada pelo surgimento das lojinhas
esotéricas e dos camelôs místicos.”
Segundo ele,
a partir dos anos 2000 houve a popularização dos conhecimentos, que chegou em
larga escala ao grande público, com a divulgação em rádios e pela internet,
derrubando qualidade e preços. É interessante
acompanharmos essa evolução
temporal e de comportamentos e valores que ele aponta. Delphos estaria na
contramão dessa perda de qualidade no trato do conhecimento astrológico.
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VI Jornada Astrológica de SP |
Pinotti faz
sua leitura desse contexto em transformação a partir de uma experiência de
magistério junto a uma população que chegava à Astrologia com a alma acesa na
busca da luz do conhecimento astrológico que também era promessa de novo mundo.
O Instituto
Delphos representou uma releitura da era grega em que se buscava a casa do deus
Apolo, de ninfas e de musas em busca de orientação e de palavra de
esclarecimento. Um contato com os deuses e sua sabedoria.
Assim foi
com aquele adolescente do início de nosso artigo. Ele se locomoveu de longe, encarou
dificuldades, resistências familiares para conseguir alimento para sua
curiosidade. Esse jovem, que hoje em dia é astrólogo pesquisador e professor
universitário, é representativo de toda uma época em que o mundo aguardava
novos ares.
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III Jornada Astrológica de SP |
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Programa de eventos 1993 Folheto Palestras e lançamento de livro VII Jornada Parte interna de folheto de divulgação |
Muito obrigado Ana!! Orgulho de fazer parte dessa história! Abraço grande e grato a todos/as da Delphos, especialmente ao prof. Milton pela iniciativa!
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