quarta-feira, 1 de abril de 2020

INSTITUTO DELPHOS, A CASA DE APOLO


    A notícia de uma faculdade de Astrologia correu por uma reportagem de TV e inspirou muitas pessoas. Era uma época especial em que um mundo diferente e melhor era prometido pela Nova Era. Clima perfeito para o Instituto Delphos! Leia o artigo e se encante com o sonho que aconteceu naqueles tempos.       


INSTITUTO DELPHOS, A CASA DE APOLO

    Milton Maciel desejava uma instituição em que o conhecimento astrológico ganhasse um caráter acadêmico e de pesquisa. Para isso juntou professores, organizou eventos e fez publicações. E
Milton Maciel
distribuiu esse sonho e ideário pessoal. E assim conquistou muitos alunos desejosos de conhecimento.


UM CASO PESSOAL EXEMPLAR

    Na reconstituição de História, ao resgatar memórias do Instituto Delphos, me deparei com fatos interessantes e em especial com uma história pessoal.

     José Aparecido Celorio era um adolescente quando assistiu a um programa de TV (Globo Repórter) possivelmente em março de 1992 com Maurício Kubrusli e Sandra Moreira que tinha como assunto a Astrologia. Ele ficou encantado com a notícia a respeito da existência de uma “faculdade” de Astrologia. Decidiu então conhecer a escola que era assim descrita no programa. Tratava-se do Instituto Delphos.

   
José Aparecido Celorio
 Nascido em uma pequena cidade do Paraná e a partir de uma amiga e jornalista, conheceu e assinou a Revista Planeta. Esse fato se acrescenta às muitas memórias de infância quando o pai lhe ensinava a observação do céu em que as constelações eram identificadas. Não foi difícil passar do gosto destes céus observados para a busca do significado que eles poderiam ter. As experiências astronômicas vão construindo dentro de Celorio um gosto pelo mundo dos astros que ganham novos contornos. Seu pequeno mundo de origem se ampliou para além de limites imaginados. Quem poderia conter o movimento de busca?

   
A força da comunicação juntou-se à curiosidade intelectual e, decisão tomada no final do ano, lá se foi ele a São Paulo. No dia 24 de fevereiro de 1993, uma quinta-feira, ele encontra Milton Maciel. E na segunda-feira seguinte começa o curso. Morar em São Paulo em edícula sem a família, ainda que em casa de amigos, não lhe custou sofrimento. Quando ele volta para casa, o pai não se conforma que ele não desistira da ideia de continuar os estudos de Astrologia.

    Foi assim que ele começou seus estudos que também já tinham passado pela Escola Regulus, por correio em 1991 e continuaram em uma formação mais longa na Escola Hermes depois da experiência na Delphos.

       Esse caso pessoal pode nos indicar a força da comunicação das mídias e o entusiasmo de um jovem curioso e seduzido pela ideia da faculdade de Astrologia. Naquela época havia um clima especial para os assuntos esotéricos. A Nova Era chegava em promessas de um novo mundo. Alinhar-se a ele significava ter esperanças.
José Antônio Pinotti 


     Pronto, aí temos o pacote perfeito para uma jovem vocação ser alimentada de conhecimento. O Instituto Delphos entrava investido com a aura das caminhadas de Apolo pelo Sol, pela Verdade e pela Luz.


A MAGIA DO INSTITUTO DELPHOS

    Antes de ser Instituto Delphos fundado em 1989, já tinha existido uma escola também chamada Delphos em 1982.

    O Instituto Delphos, que se desenvolveu até 1994, foi a maior iniciativa de um curso pleno de formação de astrólogos, segundo José Antônio Pinotti. Eram quatro anos com aulas todas as noites.
Ele desenvolvia as funções de coordenador e como professor era responsável por boa parte do currículo e do programa de Residência no Ambulatório de Atendimento supervisionado oferecido aos alunos como parte da formação do profissional. Segundo ele, cerca de 500 alunos passaram por essa formação.

      Havia outros professores além de Milton Maciel, responsável pelo Instituto e também de Sérgio Mortari, um médico brilhante. Hanna Optiz dava aulas de Trânsitos planerários e Técnica de previsão.  Pinotti, sendo psicólogo clínico, montou a residência astrológica, um atendimento supervisionado para desenvolver nos novos profissionais habilidades terapêuticas. Clientes eram recebidos para atendimento gratuito, feito pelo aluno amparado pelo supervisor. Essa supervisão era realizada algumas vezes em auditório que recebia por vezes cerca de cem alunos assistindo, ou então era filmado e exibido em classes posteriores.
Dr Sérgio Mortari 


      Esse programa de Residência astrológica tinha o objetivo de garantir a boa formação do aluno em recursos de aprofundamento na formação profissional. Cada aluno deveria assistir a uma quantidade expressiva de supervisões completas na leitura de mapas.

      Além dessas atividades didáticas, o Instituto organizou várias Jornadas Astrológicas de São Paulo, uma a cada semestre. Eram eventos com coquetel de abertura, lançamento de livros, palestras e mesas redondas, exposição de e livros, espetáculo artístico, jantar de congraçamento. Os palestrantes convidados vinham de vários Estados e de outros países. Duravam de dois a quatro dias de duração como foi a Sexta Jornada em maio de 1993. Ainda houve a Sétima Jornada em outubro desse mesmo ano.

        O Instituto Delphos fechou em 1994 quando seu responsável se transferiu para Maceió para assumir cargo de assessor junto ao governo estadual.

        Segundo Pinotti, o instituto deixou uma marca de idealismo e paixão, que são fundamentais em qualquer carreira em que se busque a excelência, pela exigência do tempo investido na formação.
Ele ainda faz comentários referentes àquela época: “Quem entrou na Astrologia na década de 70 e 80 foi por desdobramentos de uma busca espiritual e de auto-conhecimento. Era uma época da contra-cultura pós hippie e de abertura para os conhecimentos do Oriente.”
Hanna Optiz


       A palestra de inauguração na Sexta Jornada de maio de 1993, Milton Maciel nos traz um pouco desse clima renovador. Vestido ao melhor estilo gauderio, ele subiu ao palco do auditório da Delphos e desenvolve o tema A Astrologia do Macho. O folheto de divulgação do evento assim resume os conteúdos: “1800 anos depois de Ptolomeu, os velhos valores do macho patriarca agricultor continuam firmes no inconsciente (e no consciente) dos astrólogos e das astrólogas!- que os repetem com um fervor respeitoso e quase religioso. Mas, os tempos são outros. Os ventos de Aquário se aproximam e, desde que os quatro grandes asteroides entraram no consciente da humanidade, começou a marcha inexorável de resgate do feminino. Para nós na Astrologia, resta o inevitável questionamento das velhas teorias de dignidades e regências.” Palavras divinatórias do que viria algumas décadas mais tarde com muita força e clareza. 


OUTROS TEMPOS

       Era esse espírito que inspirava o Instituto Delphos. Um aprofundamento no conhecimento astrológico com a perspectiva de revisão de conteúdos, de valores e de debate. Nos programas das Jornadas percebe-se uma preocupação com a pesquisa dos temas tanto nas palestras como nas muitas mesas-redonda. No programa da Sexta Jornada (maio de 1993), há o lançamento do I Congresso Brasileiro de Pesquisa Astrológica que aconteceria em outubro desse mesmo ano.
Ademar Eugênio de Melo, palestrante 


       Pinotti em seu depoimento confirma essa qualidade de conteúdos astrológicos no funcionamento do Instituto. Porém ele vai mais longe em sua análise. Ele marca a concepção de Astrologia da época que não era mera opção de carreira ou negócio pois havia “núcleos de compartilhamento de conhecimentos.” Ele continua, crítico: “A década de 90 foi marcada pelo surgimento das lojinhas esotéricas e dos camelôs místicos.”

      Segundo ele, a partir dos anos 2000 houve a popularização dos conhecimentos, que chegou em larga escala ao grande público, com a divulgação em rádios e pela internet, derrubando qualidade e preços. É interessante
VI Jornada Astrológica de SP
acompanharmos essa evolução temporal e de comportamentos e valores que ele aponta. Delphos estaria na contramão dessa perda de qualidade no trato do conhecimento astrológico.


       Pinotti faz sua leitura desse contexto em transformação a partir de uma experiência de magistério junto a uma população que chegava à Astrologia com a alma acesa na busca da luz do conhecimento astrológico que também era promessa de novo mundo.

       O Instituto Delphos representou uma releitura da era grega em que se buscava a casa do deus Apolo, de ninfas e de musas em busca de orientação e de palavra de esclarecimento. Um contato com os deuses e sua sabedoria.

        Assim foi com aquele adolescente do início de nosso artigo. Ele se locomoveu de longe, encarou dificuldades, resistências familiares para conseguir alimento para sua curiosidade. Esse jovem, que hoje em dia é astrólogo pesquisador e professor universitário, é representativo de toda uma época em que o mundo aguardava novos ares.

       Esses ares chegaram em certo sentido para José Aparecido Celório que teve seu esforço recompensado nos anos que se seguiram, nos estudos e na permanência do seu sonho plantado em contexto délfico. Deve ter sido assim com muitos outros astrólogos ou pessoas que não são mais do que buscadores de respostas que deem sentido à vida.
III Jornada Astrológica de SP  
Programa de eventos 1993 Folheto


Palestras e lançamento de livro VII Jornada 
Parte interna de folheto de divulgação







Um comentário:

  1. Muito obrigado Ana!! Orgulho de fazer parte dessa história! Abraço grande e grato a todos/as da Delphos, especialmente ao prof. Milton pela iniciativa!

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