domingo, 7 de junho de 2020

ESCOLA SANTISTA E O COMPROMISSO COM A FORMAÇÃO DO ASTRÓLOGO

Ana Maria Mendez González

A intenção de se criar a Escola Santista de Astrologia foi abrir espaço para a divulgação do conhecimento astrológico, valorizando a formação profissional.

George Jorge que já atuava com Astrologia, cursava Jornalismo quando uma amiga de classe disse que a organizadora de cursos do Sesc-Santos se interessava por um curso de Astrologia na unidade, pois havia tido procura anos antes e ela sabia do seu conhecimento pelo assunto.

Logotipo da Escola Santista

Essa conversa gerou efeitos positivos e o primeiro curso de Astrologia ministrado por George no Sesc-Santos aconteceu em setembro de 1985, já com duas turmas lotadas no período da tarde, o que indicava o grande interesse que havia a respeito. O curso básico durava cerca de um ano e no começo contava também com os professores Litz Ely e Paulo de Tarso Ferreira. Cada sala tinha por volta de quarenta alunos e essa boa frequência se repetiu por muitos anos.
Matéria do Jornal A Tribuna do 1o. Curso 

George Jorge acabou por lecionar no Sesc-Santos por aproximadamente dezenove anos ministrando cursos de Astrologia em vários níveis, do básico ao avançado. Após a abertura da Escola, somente os cursos básicos foram mantidos no Sesc por um tempo.


Além dos cursos que ministrava no Sesc, em 1990 George Jorge organizou o 1º Encontro de Astrologia de um total de onze realizados um a cada ano. O formato desses eventos seguia um planejamento em que havia a palestra de abertura na sexta-feira à noite e outras no final de semana, com astrólogos convidados de todos os Estados do Brasil.
Evento no Sesc Santos

Eis alguns que participaram desses encontros: Cid Marcus, Waldyr Bonadei Fücher, Vania Marinelli, Robson Papaleo, Celisa Beranger, Oscar Quiroga, Elisa Guerra, Sonia de Lima, Maurício Bernis, Adonis Saliba, Antonio Facciolo Neto, Vera Facciolo, Erane Paladino, Lydia Vainer, Ry Red, Dr. Sérgio Mortari, Antoine Daoud Filo, Rui Sá Silva Barros, Gregório José Pereira de Queiroz, Armando Akio, Paulo de Tarso Ferreira, Valdenir Benedetti, Darci Lopes, Carlos Fini, Patrícia Boni, Marigildo Camargo, Salvatore de Salvo, Milton Maciel, Kesavan, Antonio Eugenio e muitos outros.
Sonia Lima, Cid Marcus, Elisa Guerra, Waldyr B Fücher

Ao longo do tempo com o crescimento dos cursos, formou-se a parceria com Márcia Bernardo, importante colaboradora, convidada a ministrar aulas no Sesc. Tudo contribuiu para a realização de um projeto que divulgasse o conhecimento astrológico.

INÍCIO

Houve uma mudança nos objetivos e na política interna de funcionamento do Sesc, alteração que indicava uma orientação de suas oficinas para outros setores.
Foi a oportunidade para dar andamento ao projeto que já tinha sido aventado por George e Márcia de montar um espaço próprio focando seus objetivos no ensino astrológico. Isso incluiria desejos antigos de montar outras salas para acesso a livros e atendimentos, por exemplo.
George Jorge e Márcia Bernardo

Assim nasceu a Escola Santista de Astrologia que teve que superar inicialmente duas questões para mobilizar suas atividades. A primeira foram os investimentos financeiros necessários e a segunda foi a mudança de endereço que poderia ser um obstáculo para o acesso dos alunos. Mas isso não ocorreu. As pessoas aceitaram o novo endereço e a mudança se deu com tranquilidade até porque os astrólogos organizadores já tinham um nome feito na cidade e sua marca.

A Escola Santista de Astrologia nasceu contratualmente em Santos (SP) no dia 25 de fevereiro de 1997, sendo seus dirigentes os astrólogos George Jorge e Márcia Bernardo. A inauguração aconteceu em 29 de março de 1997 em uma comemoração interna com familiares, amigos e o funcionamento das atividades iniciaram logo em seguida no dia 31 de março.
Panfleto dos Cursos em 1995 

Seu nome foi escolhido em função da preocupação que tinham em dar para a Astrologia um atributo formal e sério em se tratando de um saber de milênios. Existiam na época vários espaços conhecidos como esotéricos que ministravam cursos curtos de Astrologia e o objetivo prioritário da Escola Santista era oferecer conhecimento astrológico junto a uma formação profissional. O primeiro endereço foi na Avenida Ana Costa (número 151- conjunto 51) e alguns anos depois na Rua Goytacazes, 08 altos, no bairro do Gonzaga.

O conjunto ampliado de conteúdos se transformou em um quadro completo de matérias relativas à formação do astrólogo, inclusive para sua atuação profissional. Para isso, algumas adaptações foram sendo realizadas para cumprir os objetivos de Escola.
Entrada da Escola Santista

A preparação do currículo seguiu normas que eram debatidas naquela época e que foram trazidas à discussão com alguns astrólogos estudantes, profissionais e responsáveis por escolas participantes das reuniões do Fórum de Astrologia, realizadas na escola Gaia em São Paulo em 2002 e 2003.

Tais reuniões tiveram vários objetivos entre os quais a discussão de questões relacionadas com o papel do astrólogo e a proposição de tópicos que embasassem um currículo básico para o ensino de Astrologia  e a formação e profissionalização dos astrólogos nas escolas.

Ao longo do tempo, outras modificações de acordo com os tempos atuais trouxeram adequações dos conteúdos em uma formação mais dinâmica e rápida.
George Jorge, Cid marcus e Márcia Bernardo

Além de George e de Márcia, um dos astrólogos que acompanhou durante alguns anos ministrando cursos de iniciação na Escola foi Leonardo Lemos.

Diversos outros cursos e seminários avulsos foram criados com convidados de outras cidades e Estados como Cid Marcus Vasques, Waldyr Bonadei, Celisa Beranger, Vânia Marinelli, Oscar Quiroga, Sérgio Mortari, Maurício Bernis, entre outros.

O ABRANGENTE ESTUDO DA ESCOLA

A preocupação com a qualidade do estudo astrológico levava em conta tudo o que pudesse agregar, melhorar e aperfeiçoar a aprendizagem. Daí, o interesse em convidar profissionais de outras áreas para abrilhantar e complementar os estudos com Astronomia, Mitologia, Tarot, Grafologia e Numerologia.
Waldir Bonadei Fücher

Seguindo o modelo dos Encontros de Astrologia no Sesc citados acima, em 2003 foi promovida a 1ª Jornada Astrológica na própria sede, que já concentrava toda a atividade da Escola.

Em 2006, George e Márcia foram convidados por Robson Papaleo para escrever no CBAs (Cadernos Brasileiros de Astrologia) sobre o astro Plutão, fruto de um Seminário que ambos ministravam há dez anos.

Em 2012, George Jorge foi convidado pelo Jornal da Orla de Santos, veículo em que trabalhara por cerca de dezenove anos e em que desenvolvera uma coluna semanal intitulada Estrelas e Moléculas, a elaborar um programa para a TV local. Assim foi criado o Programa Estrelando que tem como objetivo entrevistar profissionais de diversas áreas na fronteira da ciência. Com este programa, foi aberto um espaço para a divulgação de temas astrológicos.
Logotipo Programa Estrelando


DIVULGAÇÃO

“Não temos noção de quantos alunos foram acolhidos durante os muitos anos de aula, mas podemos ter certeza de que hoje existem muitos profissionais em toda a parte do mundo formados por nossa Escola”, afirmam George e Márcia.
Grande público nos eventos da Baixada Santista 

Perguntado a respeito da experiência da Escola, George Jorge, diz: “Foi um passo muito importante em minha vida em função de ter estabelecido um espaço na Baixada Santista que pudesse apresentar um tema de tamanha relevância. Hoje estamos bem cientes do papel que a Astrologia e nós ocupamos em nosso País e da importância que temos em não somente ter participado da história, mas também de divulgarmos a Astrologia como uma ferramenta importante”.
Participação no CBO 2000-Código Brasileiro de Ocupações 

Os astrólogos acrescentam que a Escola Santista tem um papel muito importante na região de divulgar a Astrologia para o público leigo, devido a grande participação em programas de TV, emissoras de rádios, escrevendo em jornais e esclarecendo sempre quando esses veículos precisam obter informações corretas sobre o tema.

A Escola Santista de Astrologia tem realizado um importante trabalho de divulgação do conhecimento astrológico, indo além dos objetivos essenciais de uma escola. A formação do profissional engrandece a imagem da Astrologia na sociedade.


APRESENTAÇÃO DOS SÓCIOS

George Jorge:
Iniciei em Astrologia através de um curso que estava acontecendo no Sesc de Santos com uma professora chamada Odênia Damaso, já falecida. Uma amiga da Faculdade de Jornalismo veio com um panfleto de divulgação de um curso de três meses de duração que funcionou apenas para despertar a minha curiosidade. Depois dessa experiência, estudei dois anos e meio com Valéria Cruz, astróloga que ministrava aulas em seu estúdio. Após esse tempo tive conhecimento da existência de associações, sindicatos e escolas em São Paulo. Fiz a inscrição em cursos avançados na Escola Regulus de Astrologia em SP e daí em diante não parei mais de estudar.
Além de ser o apresentador do Programa Estrelando, atualmente sou colunista junto a Márcia Bernardo, no Jornal A Tribuna, Jornal da Orla e também na Rádio Saudade FM.
Publicação: Plutão, nos Cadernos Brasileiros de Astrologia (CBAs)  


Márcia Bernardo:
Ingressei no curso de Astrologia do Sesc/Santos em 1988, por indicação de umas amigas e só sabia que a Astrologia era um conhecimento que vinha dos caldeus e assírios. Calculava diversos mapas e testava para conferir se eles realmente correspondiam com as pessoas. Estudei com George Jorge e Litz Ely no Sesc e juntamente com outros estudantes contratamos professores de São Paulo como Ademar Eugênio de Melo e Cid Marcus Vasques. Fui convidada por George Jorge para dar aulas no Sesc. Abrimos a Escola em 1997. Traduzi o livro do Henri Selva sobre o Morin de Villefranche, Minha Vida Perante os Astros, editado pela Editora Espaço-do-céu, da Celisa Beranger e desenvolvi pesquisa com mapas de pessoas nascidas em eclipse. Junte-se a isso sou colunista ao lado de George Jorge no Jornal A Tribuna de Santos, Jornal da Orla também na Rádio Saudade FM.
Primeiro evento de muitos

Palestras do 1o Encontro de 1990


sexta-feira, 24 de abril de 2020

AS MUITAS ESCOLAS E ANDANÇAS DE VALDENIR BENEDETTI


Ana Maria Mendez González

         Sua formação como fotógrafo profissional antes da astrologia lhe dava uma percepção aguçada da realidade. Era original na maneira de olhar as técnicas investindo sempre em nomes e conceitos criativos e originais. Podemos apontar também outras qualidades como seu bom humor, com pitadas de ironia e inteligência.
Valdenir e amigos (Paula, Ana Cristina, Maurício, Robson, Douglas, Renata)

         Além disso era empreendedor, tendo realizado eventos pelo Brasil e organizado inúmeras publicações juntando artigos de colegas de profissão. As editoras Hipocampo, Roka, Massao Ono entre outras, publicaram seus livros. Trabalhou na Editora três, na série Astrologia Hoje como editor. Publicou artigos na Revista Planeta.
        
        E, o que nos interessa neste momento, foi professor. Deu aulas, organizou cursos em vários endereços, foi sócio de várias escolas.

ESCOLAS

        A primeira funcionava em uma sala de uma casa térrea na Rua Natingui. Depois de uma varanda, chegávamos a uma sala onde havia cadeiras e quadro negro. Era conhecida, embora não tenha ganhado nome nem registro e as aulas eram concorridas. Possivelmente iniciou nos anos 1982 ou 1983. Nessa escola havia também
Descalço,  à vontade
aulas de Edmur Balle que junto de Valdenir tinha sido aluno de Wanderley Vernilli.

       Foi sócio de Mônica Alencar na escola Astro-Logos em São Paulo, de 1988 a 1992, em um projeto alimentado por ideais gregos e pelo desejo de conceitos astrológicos, tudo em clima de sofisticação.

        Talvez já tivesse saído dessa sociedade quando participou da empresa Cintila Eventos com Cintia Stasi, que foi registrada em 1991. Com a proposta de organização de eventos, a sociedade trouxe nesse mesmo ano a astróloga Donna Cunningham que divulgava a pesquisa acerca de Plutão que estava registrada no livro recém traduzido ao Português e publicado pela Editora Pensamento, “Plutão no seu mapa Astrológico”. Enquanto Cintia tinha a função administrativa, de organização logística e financeira, ele dava andamento aos contatos e eventos nessa sociedade que não durou mais do que dois anos.

       Outra escola chamou-se Planeta e funcionava em prédio na rua Pamplona ainda em São Paulo. Em outro andar do mesmo edifício foram organizados dois eventos: o Primeiro Encontro da Astrologia em São Paulo (1997) e o segundo denominado Astrologia do Amanhã (setembro de 1998). No ano de 1998, Valdenir foi para a Bahia.


Mudanças sem fim
    
        Além do Paraná e Bahia, também esteve no Rio de Janeiro em 1986 e 1987 dando aulas na Astrocientia, importante escola divulgadora do conhecimento astrológico. Ele era chamado e não negava convites.     
         
     Por isso não é fácil seguir os passos de Valdenir, especialmente entre os anos finais do século XX e o início do século XXI.

Valdenir e amigas (Ana Maria, Tereza, Rose e Cláudia)  

     Depois do evento da Grande Conjunção em Touro, em 2000, em São Paulo, ele foi para Curitiba onde esteve também no início de 2001 e em 2005. Lá deu aulas perto da escola da Aline Alvarenga e fundou a escola Casa do Olho, na frente do Museu Niemayer. Esteve também em Salvador na Bahia. Foi e voltou a essas cidades. Em todos os lugares por onde passou, tinha público para leitura de mapa, aulas e cursos.

        O depoimento de Adriane Fayet, de Curitiba diz “Entre o final de 2000 e 2001, ele montava temas para estudarmos. Participei de casas derivadas, sinastria e outros. A turma tinha uma boa base e ele não era exatamente didático. Cada aula era uma reflexão de acordo com livros que ele lia ou insights que tinha. Lembro-me do mês de aulas sobre os elementos com base no livro do Xamã Miguel Ruiz. Foi sensacional, com uma visão muito ampliada da própria Astrologia.”
Escola Planeta (ciração Douglas Marnei)

        Era assim seu comportamento como professor. Criativo e trazendo a reflexão para além das teorias conjugando outras áreas o que enriquecia sua abordagem da Astrologia.


VOLTANDO A SÃO PAULO

        A partir de 2006, em São Paulo, ele deu aulas em sua casa e na casa de amiga Maria José Langone para um grupo pequeno.

       Entre a primeira escola e essa fase de aulas a grupos fechados em São Paulo, muitas mudanças aconteceram. Até que se instalou em São Paulo onde ainda passou por mais de um endereço. Difícil – e desnecessário- saber as datas.

      O mais importante talvez seja interpretar essa mobilidade geográfica naquilo que ela sugere como comportamento e modo de vida. Uma natureza inquieta, talvez intranquila, por vezes polêmica, e com certeza, apaixonante.

       Ele gerou livros e eventos, juntou pessoas, compartilhou conhecimento, abriu consciência a partir da leitura de mapas, explorou as estradas e alimentou cidades. 
     
Com dois óculos, rindo.
 
       Com essa intensidade vital não lhe sobrava tempo para organizar sua vida material. E ao mesmo tempo, tais escolhas talvez o tenham enfraquecido fisicamente, aos poucos. Nos últimos tempos de sua vida, estava debilitado na saúde.


       Ele faleceu por um ataque cardíaco em julho de 2009. Uma morte que pode se assemelhar a um grito de basta à vida. Ou talvez fosse apenas um acordo para mais paz e equilíbrio.

        Deixou um legado de ensinamentos de astrologia e de saudades. Recebeu de um aluno o codinome de "Grande Astrólogo Moderno do Brasil", o que lhe cabe muito bem.  Deixou uma legião de fãs e muitos órfãos de suas aulas e reflexões astrológicas.

PS: Para mais informações a respeito de Valdenir Benedetti, siga o link.
https://historiastrologsp.blogspot.com/2017/01/minha-amizade-com-valdenir-benedetti.html



sábado, 11 de abril de 2020

ASTROCENTER, ESTUDOS ASTROLÓGICOS E TECNOLOGIA

Ana Maria M. González 


         O Astrocenter, Centro de Estudos Astrológicos, foi criado em 1982 por Beto Boton, Mary Lou Simonsen e Edgard Gascon Clua, contando com o apoio e estímulo de Antônio Carlos Harres (Bola) e do professor Zeferino Pina Costa. 
Beto Boton e Zeferino P. Costa

       Ele se caracterizou por intensa atividade de natureza variada: atendimento com leitura de mapas natais, organização de workshops, elaboração de pesquisa e de conteúdos acerca de astrologia empresarial e softwares. Seus cursos se desenvolviam em cinco níveis e havia a oferta de cursos complementares relacionados ao público em geral e assuntos avançados para astrólogos.

        Conhecido como curioso e ativo, Beto Boton estudou com alguns dos maiores astrólogos brasileiros: Zeferino P. Costa, Juan Alfredo C. Müller e Raul Varela.
Marylou Simonsen

        Ao lado de cursos regulares de cálculo e simbolismo astrológico, os eventos realizados traziam professores convidados tais como Zeferino Costa, Ademar Eugênio de Mello, Nadia Nicolau, Antonio Carlos Harres, Rodrigo Araes, Valdenir Benedetti e Luiz Carlos Nogueira.

        O AstroCenter trouxe ao Brasil Richard Idemon, que foi parceiro de Liz Greene, e Jeff Jawer para cursos e palestras. Jeff Jawer foi o criador do Astrodrama, largamente utilizado por astrólogos pela eficiência do método que continuou a ganhar, ao longo do tempo, variadas versões todas úteis para a aplicação dos símbolos astrológicos.
Darci Lopes

       A escola organizou o CCA, Centro Cultural Astrocenter, em que se abria à consulta pública uma biblioteca de livros de Astrologia e uma fitoteca que foram organizadas por Darci Lopes, incumbido de seus cuidados. Fernando Guimarães Boston que foi aluno por dois anos, colaborou com a revisão e a digitação de textos das apostilas dos cursos. Segundo ele, havia boa circulação de alunos que também eram frequentadores dos eventos.

       Beto Boton publicou pela Editora Pensamento a primeira “Tábua de casas para o Hemisfério Sul” em 1985, cujas tabelas foram calculadas através de teorias desenvolvidas no século XVII pelo monge e professor de matemática da Universidade de Pádua e por Placidus de Tito. Os dados técnicos levam em conta os graus de latitude sul, constituindo-se material didático importante na elaboração de Cartas astrológicas para o Hemisfério Sul.
Livro técnico essencial para a prática do profissional 

       Desenvolveu também um software que desenhava mapas natais impressos a cores (plotter). Uma de suas preocupações era desenvolver novas tecnologias para os astrólogos. Era uma época em que o assunto ganhava repercussão.

       Para cumprir as necessidades de tecnologia - que eram parte dos objetivos do ASTROCENTER, foi desenvolvido um sistema baseado em computador para fornecer aos astrólogos acesso rápido aos cálculos, além de fornecer relatórios ao público em geral. Este sistema ficou conhecido como ASTROCOMP.  Era parte dos serviços oferecidos. Esse novo departamento foi criado para fornecer as tendências e previsões às pessoas de negócios. O Sistema Preditivo Astrológico Industrial para empresas da S.P.A.I (espião de leitura) foi criado como ferramenta em campos que variavam do mercado de ações à seleção de pessoal.
Fernando Guimarães (Nando Boston)

       O Astrocenter, empresa e escola, foi fechado em 1989, de acordo com publicação de Beto Boton e deixou marcas em ações significativas e que sustentaram a comunidade astrólogica na formação de profissionais e no apoio às práticas tecnológicas.

domingo, 5 de abril de 2020

EM BUSCA DO SER TOTAL, ASTROLOGIA E AUTO CONHECIMENTO

Ana Maria M  González

No início, a escola chamou-se  Ser total – Astrologia. Mudou o nome outras vezes e foi aos poucos acrescentando elementos novos nas atividades desenvolvidas. Não se poderia prever as mudanças por que passaria, na intenção do autoconhecimento e da melhoria do ser. Mas, hoje sabe-se que foi longe na busca de conhecimento.



TOTALIDADE, EXPERIÊNCIAS E BUSCA POR AUTOCONHECIMENTO


O “Ser Total” sabia que o que se vivencia, não se esquece.
Sônia Maria Lima  

        Em Novembro de 1983, Elisa Guerra Malta Campos e Sônia M. de Lima inauguraram o “Ser Total – Astrologia” que tinha como objetivo trabalhar a Astrologia de autoconhecimento.

        A leitura do mapa natal passava por várias fases a partir dos quatro elementos, de sensibilização com projeção de slides e música clássica,
Carta de divulgação 1987
compartilhamento de sensações e percepções. Havia a reflexão sobre o trabalho realizado em sessões seguintes que em geral eram quatro, uma a cada semana. E após um intervalo de um mês, uma quinta sessão fazia o fechamento.

         Em abril de 1984, Sônia e Elisa participaram do 2º. Congresso Mundial de Astrologia, em Lucerna , na Suíça. Foi uma grande inspiração e apoio teórico o contato com casal Huber. Por esse motivo, participaram de um seminário pós-congresso sobre o Método Huber e Psicossíntese, que desenvolve uma abordagem transpessoal de psicologia criada e difundida pelo Dr. Roberto Assagioli, médico e psiquiatra italiano, do qual o casal Huber foi secretário em meados da década de 1950.

       Em agosto desse mesmo ano, foram iniciados no Ser Total os Encontros de Astrologia a partir de uma teoria básica sem o objetivo de formar astrólogos. Para cada tema, a equipe composta então por Elisa, Sônia e Maria José Roque – preparava vivências com atividades que abrangiam artes (música clássica e popular, dança e expressão corporal, artes e expressão plásticas, literatura), ciência (exploração de conceitos teóricos) além de estimulação sensorial em todas as suas manifestações.
Programação de atividades 1987-1988

       O formato dessa experiência prosseguiu assim até final de 1985 e em 1986, nova atividade entra em cena.

       Iniciam-se, então, cursos regulares de Astrologia na Totalidade – Centro de Autoconhecimento. A mudança de nome indicaria a inquietude de busca que caracterizava a natureza humana de suas responsáveis.

      Foram mantidas as vivências anteriores, criadas outras de acordo com a proposta curricular, incluindo-se a do “mapa vivo”, ao final de cada semestre/módulo. Um zodíaco era montado no chão e os planetas eram então colocados de acordo com o mapa a ser observado e estudado. Estabelecia-se uma conversação entre os “planetas” de acordo com seus próprios atributos somados aos do signo em que se posicionava e aos dos aspectos formados, enquanto o “dono do mapa” buscava gerenciar e/ou recriar a história contada.
Programação de atividades 1987/88 (verso)
 

       Essa vivência era uma forma lúdica e prática de avaliação do curso. Era uma espécie de dramatização que começou a ser utilizada na época e continua sendo, tendo ganhado ao longo do tempo versões diferenciadas dependendo de seu autor. O que tem permanecido, como base da técnica, é o caráter de dramatização, essencial em todas as versões desde então.



 VISITA DO CASAL HUBER AO BRASIL



     Em novembro de 1987 e julho/agosto de 1988,  a escola traz ao Brasil o casal Bruno e Louise Huber do API,  o Instituto de Psicologia Astrológica com sede em Adliswil, nas cercanias de Zurich. São realizados cursos e palestras em várias localidades do Estado de São Paulo, na Capital, em Curitiba e no Rio de Janeiro. Houve o lançamento do livro de Louise Huber  “Signos, Zodíaco – Meditação” que deu origem à Totalidade Editora em 1988.

     A partir de 1990, com a crescente incorporação dos conceitos do Método Huber de Psicologia Astrológica, as vivências tornaram-se mais profundas, incluindo meditação, visualização criativa e exercícios de Psicossíntese. O método utilizava vivências para atender aos diferentes níveis da personalidade: físico, emocional, mental ou intelectual e espiritual.

   
Elisa Guerra Malta Campos
 E por essa época, a Totalidade Editora e a Totalidade Astrologia recebeu licença do API suíço para representar o método no Brasil.

     O Núcleo Brasileiro Huber de Astrologia passa a atuar em 1997, embora desde 1994 já houvesse cursos específicos de Método Huber.  O espaço com esse aspecto de multiplicidade chamou-se então Casa da Totalidade tendo sido ocupado por vários profissionais com atividades variadas: psicólogos, terapeutas, profissionais ligados ao autoconhecimento. Havia encontros mensais de Meditação na Lua Cheia, a partir da teoria proposta da Astrologia Esotérica de Alice Bailey.

       No intuito de divulgar o Método Huber, além das turmas regulares de formação, foram promovidos workshops, encontros anuais com ex-alunos e participação em congressos, como o "Brasil - Corpo e Alma” cujas palestras apareceram em livro publicado pela Editora Triom (SP) em 2001.
Sônia Maria de Lima

      Desde o seu início a Casa da Totalidade, abrigou o estudo na intenção do conhecimento e melhoria do ser humano. Na verdade, essa já era a vocação do Ser Total em 1984. Essa vocação básica foi se realizando aos poucos como uma alma que vai se desdobrando e ampliando seu âmbito de manifestação.

      Os encontros de meditação por ocasião da Lua cheia continuam acontecendo, agora sob a coordenação e facilitação de uma Unidade de Serviço e Cultura Espiritual ligada à Escola Arcana (Alice A. Bailey) que funciona na Casa Totalidade. Não tem vínculo com o Núcleo Brasileiro Huber de Astrologia mas sim parceria em termos de divulgação do trabalho desenvolvido.

      A busca pelo ser total continua.

quarta-feira, 1 de abril de 2020

INSTITUTO DELPHOS, A CASA DE APOLO


    A notícia de uma faculdade de Astrologia correu por uma reportagem de TV e inspirou muitas pessoas. Era uma época especial em que um mundo diferente e melhor era prometido pela Nova Era. Clima perfeito para o Instituto Delphos! Leia o artigo e se encante com o sonho que aconteceu naqueles tempos.       


INSTITUTO DELPHOS, A CASA DE APOLO

    Milton Maciel desejava uma instituição em que o conhecimento astrológico ganhasse um caráter acadêmico e de pesquisa. Para isso juntou professores, organizou eventos e fez publicações. E
Milton Maciel
distribuiu esse sonho e ideário pessoal. E assim conquistou muitos alunos desejosos de conhecimento.


UM CASO PESSOAL EXEMPLAR

    Na reconstituição de História, ao resgatar memórias do Instituto Delphos, me deparei com fatos interessantes e em especial com uma história pessoal.

     José Aparecido Celorio era um adolescente quando assistiu a um programa de TV (Globo Repórter) possivelmente em março de 1992 com Maurício Kubrusli e Sandra Moreira que tinha como assunto a Astrologia. Ele ficou encantado com a notícia a respeito da existência de uma “faculdade” de Astrologia. Decidiu então conhecer a escola que era assim descrita no programa. Tratava-se do Instituto Delphos.

   
José Aparecido Celorio
 Nascido em uma pequena cidade do Paraná e a partir de uma amiga e jornalista, conheceu e assinou a Revista Planeta. Esse fato se acrescenta às muitas memórias de infância quando o pai lhe ensinava a observação do céu em que as constelações eram identificadas. Não foi difícil passar do gosto destes céus observados para a busca do significado que eles poderiam ter. As experiências astronômicas vão construindo dentro de Celorio um gosto pelo mundo dos astros que ganham novos contornos. Seu pequeno mundo de origem se ampliou para além de limites imaginados. Quem poderia conter o movimento de busca?

   
A força da comunicação juntou-se à curiosidade intelectual e, decisão tomada no final do ano, lá se foi ele a São Paulo. No dia 24 de fevereiro de 1993, uma quinta-feira, ele encontra Milton Maciel. E na segunda-feira seguinte começa o curso. Morar em São Paulo em edícula sem a família, ainda que em casa de amigos, não lhe custou sofrimento. Quando ele volta para casa, o pai não se conforma que ele não desistira da ideia de continuar os estudos de Astrologia.

    Foi assim que ele começou seus estudos que também já tinham passado pela Escola Regulus, por correio em 1991 e continuaram em uma formação mais longa na Escola Hermes depois da experiência na Delphos.

       Esse caso pessoal pode nos indicar a força da comunicação das mídias e o entusiasmo de um jovem curioso e seduzido pela ideia da faculdade de Astrologia. Naquela época havia um clima especial para os assuntos esotéricos. A Nova Era chegava em promessas de um novo mundo. Alinhar-se a ele significava ter esperanças.
José Antônio Pinotti 


     Pronto, aí temos o pacote perfeito para uma jovem vocação ser alimentada de conhecimento. O Instituto Delphos entrava investido com a aura das caminhadas de Apolo pelo Sol, pela Verdade e pela Luz.


A MAGIA DO INSTITUTO DELPHOS

    Antes de ser Instituto Delphos fundado em 1989, já tinha existido uma escola também chamada Delphos em 1982.

    O Instituto Delphos, que se desenvolveu até 1994, foi a maior iniciativa de um curso pleno de formação de astrólogos, segundo José Antônio Pinotti. Eram quatro anos com aulas todas as noites.
Ele desenvolvia as funções de coordenador e como professor era responsável por boa parte do currículo e do programa de Residência no Ambulatório de Atendimento supervisionado oferecido aos alunos como parte da formação do profissional. Segundo ele, cerca de 500 alunos passaram por essa formação.

      Havia outros professores além de Milton Maciel, responsável pelo Instituto e também de Sérgio Mortari, um médico brilhante. Hanna Optiz dava aulas de Trânsitos planerários e Técnica de previsão.  Pinotti, sendo psicólogo clínico, montou a residência astrológica, um atendimento supervisionado para desenvolver nos novos profissionais habilidades terapêuticas. Clientes eram recebidos para atendimento gratuito, feito pelo aluno amparado pelo supervisor. Essa supervisão era realizada algumas vezes em auditório que recebia por vezes cerca de cem alunos assistindo, ou então era filmado e exibido em classes posteriores.
Dr Sérgio Mortari 


      Esse programa de Residência astrológica tinha o objetivo de garantir a boa formação do aluno em recursos de aprofundamento na formação profissional. Cada aluno deveria assistir a uma quantidade expressiva de supervisões completas na leitura de mapas.

      Além dessas atividades didáticas, o Instituto organizou várias Jornadas Astrológicas de São Paulo, uma a cada semestre. Eram eventos com coquetel de abertura, lançamento de livros, palestras e mesas redondas, exposição de e livros, espetáculo artístico, jantar de congraçamento. Os palestrantes convidados vinham de vários Estados e de outros países. Duravam de dois a quatro dias de duração como foi a Sexta Jornada em maio de 1993. Ainda houve a Sétima Jornada em outubro desse mesmo ano.

        O Instituto Delphos fechou em 1994 quando seu responsável se transferiu para Maceió para assumir cargo de assessor junto ao governo estadual.

        Segundo Pinotti, o instituto deixou uma marca de idealismo e paixão, que são fundamentais em qualquer carreira em que se busque a excelência, pela exigência do tempo investido na formação.
Ele ainda faz comentários referentes àquela época: “Quem entrou na Astrologia na década de 70 e 80 foi por desdobramentos de uma busca espiritual e de auto-conhecimento. Era uma época da contra-cultura pós hippie e de abertura para os conhecimentos do Oriente.”
Hanna Optiz


       A palestra de inauguração na Sexta Jornada de maio de 1993, Milton Maciel nos traz um pouco desse clima renovador. Vestido ao melhor estilo gauderio, ele subiu ao palco do auditório da Delphos e desenvolve o tema A Astrologia do Macho. O folheto de divulgação do evento assim resume os conteúdos: “1800 anos depois de Ptolomeu, os velhos valores do macho patriarca agricultor continuam firmes no inconsciente (e no consciente) dos astrólogos e das astrólogas!- que os repetem com um fervor respeitoso e quase religioso. Mas, os tempos são outros. Os ventos de Aquário se aproximam e, desde que os quatro grandes asteroides entraram no consciente da humanidade, começou a marcha inexorável de resgate do feminino. Para nós na Astrologia, resta o inevitável questionamento das velhas teorias de dignidades e regências.” Palavras divinatórias do que viria algumas décadas mais tarde com muita força e clareza. 


OUTROS TEMPOS

       Era esse espírito que inspirava o Instituto Delphos. Um aprofundamento no conhecimento astrológico com a perspectiva de revisão de conteúdos, de valores e de debate. Nos programas das Jornadas percebe-se uma preocupação com a pesquisa dos temas tanto nas palestras como nas muitas mesas-redonda. No programa da Sexta Jornada (maio de 1993), há o lançamento do I Congresso Brasileiro de Pesquisa Astrológica que aconteceria em outubro desse mesmo ano.
Ademar Eugênio de Melo, palestrante 


       Pinotti em seu depoimento confirma essa qualidade de conteúdos astrológicos no funcionamento do Instituto. Porém ele vai mais longe em sua análise. Ele marca a concepção de Astrologia da época que não era mera opção de carreira ou negócio pois havia “núcleos de compartilhamento de conhecimentos.” Ele continua, crítico: “A década de 90 foi marcada pelo surgimento das lojinhas esotéricas e dos camelôs místicos.”

      Segundo ele, a partir dos anos 2000 houve a popularização dos conhecimentos, que chegou em larga escala ao grande público, com a divulgação em rádios e pela internet, derrubando qualidade e preços. É interessante
VI Jornada Astrológica de SP
acompanharmos essa evolução temporal e de comportamentos e valores que ele aponta. Delphos estaria na contramão dessa perda de qualidade no trato do conhecimento astrológico.


       Pinotti faz sua leitura desse contexto em transformação a partir de uma experiência de magistério junto a uma população que chegava à Astrologia com a alma acesa na busca da luz do conhecimento astrológico que também era promessa de novo mundo.

       O Instituto Delphos representou uma releitura da era grega em que se buscava a casa do deus Apolo, de ninfas e de musas em busca de orientação e de palavra de esclarecimento. Um contato com os deuses e sua sabedoria.

        Assim foi com aquele adolescente do início de nosso artigo. Ele se locomoveu de longe, encarou dificuldades, resistências familiares para conseguir alimento para sua curiosidade. Esse jovem, que hoje em dia é astrólogo pesquisador e professor universitário, é representativo de toda uma época em que o mundo aguardava novos ares.

       Esses ares chegaram em certo sentido para José Aparecido Celório que teve seu esforço recompensado nos anos que se seguiram, nos estudos e na permanência do seu sonho plantado em contexto délfico. Deve ter sido assim com muitos outros astrólogos ou pessoas que não são mais do que buscadores de respostas que deem sentido à vida.
III Jornada Astrológica de SP  
Programa de eventos 1993 Folheto


Palestras e lançamento de livro VII Jornada 
Parte interna de folheto de divulgação







terça-feira, 31 de março de 2020

ESCOLA TRÍGONO DE ASTROLOGIA, O SONHO E A CORAGEM DE UMA EDUCADORA


Ana Maria Mendez González


Aprendi a organizar o tempo e me responsabilizar por ele,
 o que não é fácil para um signo de Peixes com Ascendente em Sagitário,
onde tudo é possível e os sonhos se transformam em aventuras.
Regina Consoline

as promessas E AS BÊNÇÃOS DE UM TRÍGONO


O nome Trígono - Cursos e Assessoria Astrológica  – chegou à Regina Consoline a partir de um desafio. Seria possível ter uma experiência real e que fosse facilitadora com a energia desse aspecto astrológico vibrando no nome?
Sobrado em vila 

A escola foi montada a partir de um mapa astrológico que ficou perdido entre papeis ao longo do tempo. E a experiência da escola aconteceu de acordo com as promessas do que representa um trígono: foi fácil começar, achar um bom lugar, com excelentes professores fazendo parte da equipe, sem problemas no funcionamento da escola, nem com funcionários, documentos ou alunos. Ainda para finalizar, a escola foi encerrada em decisão tranquila de que era tempo de acabar, no melhor momento e sem dificuldades. Interessante que essa percepção é de uma avaliação atual. Regina Consoline não se dera conta de que tudo tinha sido dessa forma.

Em 1987, além de atender clientes na leitura de mapas astrológicos, ela dava aulas particulares e no final do ano, já tinha formado pequenos grupos de estudos. Tudo isso vinha sendo feito em casa, algumas vezes por semana, com aulas apenas à tarde, equilibrando essa atividade com as questões familiares.
Logo da escola 

No ano seguinte, 1988, uma sala foi alugada em um consultório. Os grupos cresciam e mais oferta de horários era necessária. O gosto pelo ensino talvez estivesse na base de tudo e assim, surgiu a ideia de abrir uma escola de Astrologia, com um espaço maior com a possibilidade de cursos diferentes.
Maria Alice Camargo

A escola foi registrada no dia 18 de maio de 1989. Após esse registro, funcionou em sala sublocada em consultório no bairro do Paraíso onde havia aulas para grupos até o final de 1989 quando houve uma palestra de Mitologia dada pela professora Maria Alice Camargo, encerrando o semestre.

No início de 1990, foi alugada uma casa de vila na rua Tutóia, um local bonito, tranquilo e seguro com uma vizinhança simpática. Outra mudança foi necessária em meados de 1995, para outra casa maior na mesma vila.

Uma programação de cursos e palestras foi organizada e divulgada clientes e alunos, por meio de mala direta e para livrarias como a Zipak, por exemplo. Outros profissionais, como ex-professores, foram convidados para dar aula.
Elizabeth Friedrich 

Uma desses professores, Valdenir Benedetti colaborou sobremaneira no início das atividades trazendo vários alunos para os cursos que ele ministrou. Assim foi também com a professora de Mitologia Grega Maria Alice Camargo que fez a primeira palestra da escola e colaborou na divulgação do espaço em seus cursos de mitologia.

Naquela época a Astrologia fazia sucesso. Havia muitos eventos e palestras em livrarias e outras escolas que foram oportunidades para a divulgação da escola e de suas atividades.

A Escola Trígono tinha cursos de formação em Astrologia,  Astrologia Psicológica, Empresarial, Mundial, Horária e Cármica, e ainda cursos de Mitologia,  Numerologia e Tarô. Em geral os cursos básico, de interpretação e Astrologia psicológica eram ministrados pela responsável da escola.
Waldyr Bonadei Fücher

Adonis Saliba elaborava os conteúdos da parte previsional e os da Astrologia Horária e Mundial.  O professor Valdenir Benedetti deu alguns cursos de previsão, focando principalmente no melhor local para passar o aniversário. A professora Rosa Schwartz deu alguns cursos de Numerologia nos dois primeiros anos e depois a professora Marisa Marin continuou nessa área e em Numerologia Empresarial. Os cursos de Tarô ficavam por conta da Pilar F. y Ferrera nos dois primeiros anos e a Astrologia Cármica ficava a cargo de Ademar Eugenio de Mello. A Astrologia Empresarial,  Maurício Bernis. Depois do segundo ano de vida da Trígono, quem ficou responsável pelos cursos de Mitologia foi o professor Cid Marcus. O professor e psicólogo Paulo Roberto Grangeiro Rodrigues, ministrou alguns cursos sobre o desenvolvimento da personalidade através da Astrologia e Psicologia, assunto esse tratado no seu livro Zodíaco - O Ciclo da Vida Humana.
Festa peruana em fechamento de semestre 1990

Além dos cursos, houve palestras e workshops com professores da escola e convidados: dr Sérgio Mortari,  Astrologia e Saúde; Elizabeth Friedrich da Escola Gea; professor Waldyr Fücher da Escola Regulus.

Com essa movimentação de conteúdos e pessoas o trânsito de alunos foi grande e a escola tinha sempre turmas novas com um bom número de interessados.


O INÍCIO DE TUDO


A formação da educadora contou com alguns passos importantes.

Regina Consoline começou em sala de aula aos dezenove anos, após ter se formado no Magistério no Colégio Oswaldo Cruz em São Paulo. O exercício como professora de crianças a acompanhou até que ela terminasse a faculdade de Psicologia. Abriu então, em sociedade com quem seria seu futuro marido, uma pré-escola, Mamãe Lua, na Vila Clementino.

Acrescente-se a esse repertório de educação escolar, a participação em um trabalho voluntário em São Lourenço (Minas Gerais) junto a um grupo de professores, médicos e assistentes sociais, com o propósito de alfabetizar os adultos de regiões distantes, levando também cuidado médico, vacinação etc.
Regina Cosoline, Adonis Saliba, Ana M M González 

No decorrer dessas experiências, foi-se construindo dentro dela o prazer e o contentamento pelo exercício de ensinar. Era uma base consistente essencial para a percepção do seu lado educadora. Esse repertório talvez tenha alimentado também seu impulso por fazer coisas novas. Não havia motivo de preocupação, pois não cabia a ideia de não dar certo. Ela já tinha metas claras. Foi como se houvesse uma urgência de transmitir tudo o que ela tinha aprendido na vida. Que melhor motivação para abrir uma escola?

As dificuldades que se fizeram presentes nesse empreendimento provieram de questões de vida prática. Por exemplo, como administrar os tempos de escola e as tarefas familiares, já que a escola requeria diariamente longa dedicação e foco?
Capa de apostila

Os primeiros cursos começavam às 14h e a escola permanecia aberta até 22h quando os últimos cursos acabavam. Como responsável pelo espaço, ela ainda ficava um pouco mais sem contar com os cursos que avançavam no horário dependendo do entusiasmo do professor, como ocorria com o professor Ademar Eugênio de Melo.

As obrigações familiares faziam que a rotina do dia-a-dia fosse exaustiva e pesada para todos na família. Por mais que se tentassem saídas para a questão desses horários. Assim que por volta de 1995, apareceu a ideia de fechar a escola começou a ganhar corpo. No início de 1996, houve a decisão final, permanecendo os atendimentos e ainda pequenos grupos, em um consultório preparado para essa finalidade.

Outra questão a ser marcada, foi a interferência do contexto econômico e político do País no funcionamento da escola. O custo alto da inflação fazendo o valor de tudo mudar rapidamente gerava instabilidade e preocupações financeiras.

As dificuldades com a rotina familiar e com esse contexto do País, não impediram que ao longo do tempo o projeto inicial da escola fosse ganhando consistência nos conteúdos psicológicos e mitológicos paralelamente aos astrológicos.


revisando memórias e dimensionando experiÊncias


Ao organizar as memórias para responder às questões que esta pesquisa lhe apresentou, Regina Consoline teve uma real dimensão da experiência de ter tido a escola Trígono que ganhou contornos gratificantes.
Celebração com grupo de alunos

As trocas de conhecimentos com professores e alunos foram abundantes, de aprendizagem no campo profissional e pessoal. E a experiência representou também a realização do Sol em Peixes com o Ascendente em Sagitário, transformando seus sonhos em aventuras. A reação de astrólogos amigos ao conhecer a proposta da escola e a descrição no papel era: Que coragem!

Só com o passar do tempo, ela percebeu que a palavra “coragem” era uma substituta delicada para a palavra “loucura”. Poderia ser uma avaliação até justa perante uma pessoa que com apenas quatro anos de estudos de Astrologia, desejava abrir uma escola. Mas, ela seguiu seu sonho e acreditou em sua vontade, sendo grata pela presença de amigos generosos em compartilhar seus saberes, em dar apoio e participar desse projeto.
Regina Consoline

Ao final de seu depoimento, ela sintetiza: “Fico feliz em pensar que essa minha “loucura” pode ter sido útil para alguém.”

Com certeza, são palavras jupiterianas, embaladas ao ritmo do que seria um Grande Trígono devido ao alto idealismo, às capacidades intuitiva e de visão de Regina Consoline, aliadas à percepção de futuro e de conjunto.