A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL NA ASTROLOGIA
Ana Maria Mendez González
Como têm sido formados os astrólogos profissionais ao longo do tempo? Que mudanças podem ser observadas hoje em dia?
O ESTUDO E A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL NA ASTROLOGIA
Em geral, os profissionais de variadas áreas têm formação
escolar ou acadêmica. Com os astrólogos ocorreu algo um pouco diferente. Houve
grupos em torno de um professor, a presença de escolas e o caminho do
autodidatismo. O que essas maneiras de formação do profissional têm a nos contar?
E o que as mudanças que vieram junto das redes sociais acrescentaram nesse
quadro?
O astrólogo autodidata talvez tenha sido o mais raro.
António Olívio Rodrigues, profissional no começo do século XX é um exemplo
deles. Ele chegou à Astrologia por influência de estudos filosóficos e de
trocas com parceiros. Mesmo sendo difícil, esse deve ter sido o caminho de
muitos astrólogos sem que tenhamos condições de dimensionar essa presença com
mais dados. Podemos supor que hoje em dia, com os meios digitais essa presença
possa ser ainda maior do que em outras épocas. Ou, que os meios digitais
tornaram mais complexa essa formação.
Os grupos de estudo em torno de professores têm sido desde
sempre mais comuns e eles podem durar anos a fio. O professor organiza o
conteúdo e a parte teórica de acordo com suas escolhas particulares e procura
cumprir a formação de seus alunos. É um caminho de múltiplas possibilidades, sendo
muito populares as apostilas, copiadas e repassadas entre os participantes dos
grupos. Podemos citar alguns dos primeiros que reuniram alunos: Antônio
Facciollo, Hélio Amorim, Waldyr Fücher, Juan Alfredo Cesar Müller, entre os
mais antigos. Depois vieram outros e até hoje esses agrupamentos são hábito
recorrente e tem sido responsável pela formação de quantidade enorme de
profissionais.
Instituto Paulista de Astrologia |
As escolas muitas vezes são consequência dessas figuras de
professores agregadores que algumas vezes instituíram escolas como o professor
Waldyr Fücher que depois de dar aulas por longos anos fundou a Escola Regulus.
Escola Regulus de Astrologia |
Apesar de demandarem esforço e investimento, as escolas
aconteceram em maior ou menor quantidade maior dependendo da época. Mas, sempre
trouxeram marcas particulares em suas atividades. Algumas com vida longa,
outras apesar de não terem permanecido ativas por muito tempo, tiveram uma
forte presença por eventos, publicações ou ressonância entre o público.
Qual é a melhor
formação ?
Difícil dizer qual dessas possibilidades de formação foi a
melhor. Cada uma apresenta seus prós e contras, gerando um tipo de profissional.
Atualmente, com as redes digitais multiplicam-se as possibilidades. Mas,
permanecendo na era antes da internet, que aspectos podemos identificar nos
três tipos apontados para a formação do astrólogo?
O autodidatismo passou pelo perigo de uma perspectiva
subjetiva e parcial. Esse perigo pode se repetir nos grupos de estudo. A menos
que o estudante tivesse feito um rodízio por mais professores, ele pode ficar
limitado à perspectiva de um só professor.
As escolas ampliaram a oferta de conteúdo. Elas podem ter
apresentado (ou não) um currículo organizado e esse aspecto nem sempre foi
preocupação como ocorre hoje em dia. Não havia um consenso a respeito dos
conteúdos a serem elaborados, a quantidade de disciplinas ou o tempo de aulas.
Tais variações são justificáveis e não impediram que as escolas tivessem um
papel importante. Hoje em dia elas estão mais harmonizadas em relação aos
critérios de currículo didático. Embora haja diferenças entre as escolas, isso
já está mais na pauta do aluno e candidato a astrólogo.
Aos poucos foi sendo elaborado um currículo mínimo embora
haja diferenças entre as escolas, isso já está mais na pauta.
As redes sociais e a facilidade de comunicação têm trazido
aspectos diferentes nessa questão. Multiplicaram-se as possibilidades de estudo
e de trocas de conhecimento. Tais aspectos se contrapõem ao contexto dos anos
50 ou sessenta. Omar Cardoso, um nome da mídia, teve sucesso e popularidade.
Divulgou o nome da astrologia para grandes massas de audiência. Escreveu o Romance da Astrologia). Não consta que
ele tivesse um diploma (pode ser que tenha tido) ou certificação para o
exercício de seu talento.
Essas características históricas que têm funcionado para a formação
dos astrólogos (especialmente antes da internet) valem a pena serem conhecidas.
O autodidatismo e até a informalidade não impediram o surgimento de bons
profissionais. E as três maneiras apontadas podem ter se mesclado em muitas situações.
A formação por meio de escolas tem se tornado mais sistemática. E a presença de
programas de certificação tem emprestado à formação do astrólogo um caráter
mais profissional o que só acrescenta valor perante o público em um clima de
maior formalidade em prol de uma melhor formação profissional.
Apesar dessa preocupação que se percebe hoje em dia, há quem diga
ser a informalidade está de acordo com as configurações celestes que indicariam
a natureza do astrólogo contrária a formalidades acadêmicas e outras. Será que
é isso mesmo?
Deixo estas observações como iniciais de um tema que talvez mereça mais espaço para seu debate.
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